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Dica: O Que Mais Você Quer?

Oi, gente linda! (eu poderia dizer, revolucionários!! o/)

É muito lindo, né?! Toda essa empolgação dos brasileiros, reivindicando seus direitos, é muito orgulho, isso sim dar vontade de vestir o verde e amarelo (post anterior), ir as ruas, linda e mostrar que não somos burros. Enfim, eu acho DEMAIS isso e hoje eu trouxe uma leiturinha amenua pra vocês, mas não menos reflexiva.

Como falei no meu primeiro post aqui, virei fã das crônicas de Martha Medeiros e nesses tempos de luta, escolhi uma pra vocês lerem. Do mesmo livro, Doidas e Santas.

O QUE MAIS VOCE QUER?

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Era uma festa familiar, destas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia. “Olha pra essa menina. Sempre com esta cara. Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?”

Nada é tão comum quanto resumirmos a vida de outra pessoa e achar que ela não pode querer mais. Fulana é linda, jovem e tem um corpaço, o que mais ela quer? Sicrana ganha rios de dinheiro, é valorizada no trabalho e vive viajando, o que é que lhe falta?
Imaginei a garota acusando o golpe e confessando: sim, quero mais. Quero não ter nenhuma condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã, exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.
 Quero que o fato de ter uma vida prática e sensata não me roube o direito ao desatino. Que eu nunca aceite a idéia de que a maturidade exige um certo conformismo. Que eu não tenha medo nem vergonha de ainda desejar.
 Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.
 Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e em exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa. Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.
 Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.
 E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa pra mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir. O que eu quero mais? Me escutar e obedecer o meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, marido, filhos, bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã. E também quero mais tempo livre. E mais abraços.
 Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem.
O texto também nos remete a algo revolucionários, vocês não acham? Direitos pessoais do dia dia e preocupações bestas (mas que pra gente é um mundo). Como sempre, o texto nos faz refletir e é por esse motivo que me apaixonei pelas crônicas dessa mulher.
Acho que essas crônicas que trago pra vocês falam por si só, sem precisar de resenhas. Vou continuar colocando outros textos aqui, para nos fazer refletir, indiretamente nos indicando o que fazer de melhor.
E ai, já leram outros livros dela? Gostaram? Deixem seus comentários aqui e deixem dicas 😉
Beijos da Mika
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Tentativas

Olá (quanta formalidade),

na tentativa de dialogar sobre o que gosto e de mudar um pouco a rotina, fiz este blog. Pretendendo ter prazer em postar e achar outras pessoas para conversar sobre os assuntos, tanto do mundo feminino como do cinema (coisa que adoro =]), de livros (apesar de está um pouco parada em leituras voltada para literatura românticas) e de tudo que eu gostar e quiser compartilhar.

A vida é feita de tentativas, certo? Eu acordo para tentar, todos os dias! Tentar estudar, tentar ser feliz, tentar algo novo… Para não prolongar mais (deixamos o tempo fazer isso), trouxe um trecho do livro “Doidas e Santas”, de Martha Medeiros (uma autora que me ganhou, esse ano).

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EU, VOCÊ E TODOS NÓS

“…Ir em frente, ir em busca, ir atrás, ir para onde? Somos obrigados a estar em movimento, mas ninguém nos aponta um caminho seguro.
Eu, você e todos nós estamos à procura de algo que ainda não experimentamos, algo que a gente supõe que exista e que nos fará mais felizes ou menos infelizes. Eu, você e todos nós tentamos salvar nossas vidas diariamente, e qual a melhor maneira para isso? Trabalhar e amar, creio eu, mas não é fácil. Os que não conseguem se realizar através do trabalho e do amor, tentam se salvar das maneiras mais estapafúrdias, alguns até colocando-se em risco, numa atitude tão contraditória que chega a comover: autoflagelo, exposição barata, superação de limites, enfim, os meios que estiverem à disposição para que sejam notados.
Eu, você e todos nós somos crianças das mais diversas idades.
Pedimos pelo amor de Deus que o telefone toque e que a partir desse toque um novo capítulo comece a ser escrito na nossa história. Fingimos que somos seres altamente
erotizados e, na hora H, amarelamos. Depositamos todas as nossas fichas amorosas em pessoas que não conhecemos senão virtualmente. Disfarçamos nosso abandono com frases ousadas e sem verdade alguma. O que a gente gostaria de dizer, mesmo, é: me dê sua mão. Eu, você e todos nós queremos intimidade, mas evitamos contatos muito íntimos. Não queremos nos machucar, mas usamos sapatos que nos machucam. A gente quer e não quer, o tempo todo. Será que durante uma caminhada de uma esquina a outra, em um único quarteirão, é possível acontecer uma paixão, uma descoberta? Quantos metros precisamos percorrer, quantos dias devemos esperar, em que momento da nossa vida irá se realizar o nosso maior sonho e, uma vez realizado, teremos sensibilidade para identificá-lo? O nosso desejo mais secreto quase sempre é secreto até para nós mesmos. 
Somos uma imensa turma, somos uma enorme população, somos uma gigantesca família de solitários, eu, você, todos nós.”

Lindo, né? Alguém realmente parou para refletir? Martha Medeiros tem esse poder em suas crônicas, algumas com humor, outras mais sérias, mas TODAS reflexivas. E essa é a minha PRIMEIRA DICA: o livro “Doidas e Santas”, ou qualquer um que você consiga dela, vale muito a pena, não precisa de pressa, ler devagarinho 😉

É isso!
bjos e queijos pra vocês ;**